quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Coletâneas de Geraldo Augusto de Carvalho


“A SEMANA”, de Madalena, J. Laranjeira – E. do Rio  - 10/01/1938
Viriato Vidal escreveu:
     O Patriotismo do “Chicorea”
              Especialmente para A SEMANA
  
Não há muito, o “incrível” Nhô Totico, demonstrando, como sempre, as suas qualidades de agudo observador e de ironista sutil, chegou um ferro em brasa à mania muito latina de imitação inconsciente.


“Chicorea”, um dos imaginários personagens que Nhô Totico vive em seu apreciado programa radiofônico, vê-se dono, não me lembra como, de quinze contos de réis. Perguntam-lhe o que pretende fazer com esse dinheiro. E a resposta vem: criar uma escola... de “gangsters”. Uma escola de banditismo moderno. Pó que, explica, se a América do Norte é conhecida como o centro da mais alta civilização exatamente por causa dos Dillingers, o “Chicorea”, bom patriota que anseia por dar ao Brasil o renome de país culto, melhor não pode aplicar o seu dinheiro do que fundando o salvador curso de aperfeiçoamento, cujos “bacharéis” virão, sem dúvida, pela audácia de suas aventuras,


tornar-nos a pátria a terra mais civilizada do universo...


Nhô Totico soube ser psicólogo. Essas revistas e jornais infantis que circulam, com a maior liberdade, por toda a parte, que assunto, que ilustrações estampam? Heroificar o malfeitor parece a única finalidade seria da maioria de tais publicações...


Nada mais natural, pois, que as crianças – e não só estas – de hoje, haurindo no mau cinema e na leitura perniciosa o sentimento de admiração pelo criminoso valente e sagaz, desejem, com o mais inculpável entusiasmo, completar a “educação profissional” numa casa de ensino técnico do crime...


E quem sabe não seja esse o mesmo ideal de muito marmanjo com vocação de Al Capone?


Se “isso” é civilização, felicitemo-nos: já vamos bem adiantados... Quase que só nos falta a cadeira elétrica!

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