segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Coletâneas de Geraldo Augusto de Carvalho

Entre Rios Jornal – 21/04/1938 (“Sociaes”,pág.6)
     CAPRICHO
   Naquele dia claro ele não pode compreender porque ficava indiferente ao encanto da linda paisagem, tão sua conhecida. A princípio, atribuiu isso a alguma mutação na própria natureza, e procurou determinar qual teria sido. E, no entanto, era a mesma relva fresca e verde, o mesmo o recanto em que, de ordinário, descobria tanto bucolismo; as mesmas eram as árvores e a fonte ciciante. Mas tudo tão triste, tão melancólico!  A vegetação, ao perpassar a brisa, cochichava sentidamente; mudos, os pássaros se ocultavam e a fonte... a fonte, que sabia umas canções vívidas e álacres – corria lenta, suspirando um poema dolorido de saudade...
   Mas a tristeza e a saudade não estavam nas árvores, nem na fonte, nem nos pássaros... Estavam, sim, no amargo de sua alma. E também, a solidão. Por que você, menina voluntariosa e má, mentiu a sua confiante boa fé. Os lábios vermelhos que lhe levaram tanta vez a ilusão do amor, foram rudes para destruir todo um castelo de esperanças, construídos de beijos e promessas. Capricho de moça bonita, como a gente vê no cinema...
   ...Se você soubesse o que ele sofre agora, com certeza teria remorsos...  



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